Arqueiro sem braços, americano tenta inspirar as pessoas: "Tudo é possível"

Matt Stutzman atira com os pés e foi ao pódio no Parapan (Foto: Daniel Zappe/MPIX/CPB)

A arquibancada de Toronto vibrava a cada vitória de Matt Stutzman no tiro com arco. Torcedores se impressionavam com o que viam: mesmo sem braços, o americano usava de sua técnica única para atirar usando pés e a boca e bater adversários com mãos ativas. Estrela das Paralimpíadas de Londres, em 2012, quando levou a prata, ele se firmou como um astro paralímpico sob a alcunha de “The Armless Archer”, o arqueiro sem braços. O famoso conquistou a prata do arco composto dos Jogos Parpan-Americanos nesta terça-feira e arrebatou, de quebra, mais uma legião de fãs para inspirar em sua missão de vida.
- O importante não é ser famoso, é inspirar pessoas.  As pessoas me veem atirando e pensam: “nossa, eu posso fazer algo assim”. Quero motivá-las a tentar fazer algo único. Isso só me faz atirar melhor. É muito legal como eu descobrir uma maneira de participar de um esporte em que se utilizam as mãos. Assim que vi isso descobri que eu poderia ser o melhor em alguma coisa. Mostrar que tudo é possível é a única razão por que as pessoas apoiam o que eu faço - disse Matt.
Quebrar as barreiras do impossível sempre foi a filosofia do americano. Sem explicação médica, ele nasceu sem braços, fato muito raro - pesquisas estimam que 1 a cada 350 mil crianças nasça assim. Os pais biológicos se assustaram com ideia de criar uma criança especial, e Matt foi adotado com apenas quatro meses de idade por Leon e Jean Stutzman. O casal deu liberdade para o garoto sem braços crescer livremente pela fazenda da família e aprender a lidar com a vida sem braços e sem tratamentos especiais.
- Nunca pensei: “por que eu?” Eu fui adotado por uma excelente família, que me criou de um jeito que nunca era: “coitado, pobre menino sem braços”. Cresci em uma fazenda, cuidava das vacas, dos porcos, fazia a minha parte. Eles não me trataram de uma maneira especial, eles me ensinaram a trabalhar duro pelo que eu queria. Sempre pensei que Deus não me deu braços, mas me deu a habilidade de atirar, de poder ter uma vida saudável, que eu chamo de vida livre de mãos. Aceitei o dom que Deus me deu - afirmou o americano, que consegue até dirigir em um carro adaptado, mas guiando o volante com o pé.
- Eu costumava usar o arco para colocar comida na mesa para a minha família, percebi que eu poderia ser melhor em colocar comida na minha mesa se eu começasse a atirar em alvos, acabou que fiquei muito bom nisso.Como parte da filosofia de ter uma vida ativa e socialmente integrada, Matt sempre esteve relacionado com o esporte. O tiro com arco entrou em sua vida a princípio fora do esporte. Ele gostava de acompanhar o pai Leon em caças a cervos, sempre usando arco e flecha, nada de armas de fogo.
Sem contar com ajuda na hora de colocar a flecha na corda, ou na hora de equilibrar o arco, Matt cresceu muito no tiro com arco desde que iniciou sua carreira internacional justamente nos Jogos Parapan-Americanos de 2011. Ele ficou na quarta colocação em Guadalajara, que serviu para quebrar o gelo antes de ganhar fama em Londres.
- Quatro anos atrás, foi o meu primeiro evento internacional, então eu não tinha ideia do que aconteceria, não sabia o que esperar. Acabei ficando na quarta colocação. Foi a primeira vez que estava atirando em um estádio como esse. Eu desmoronei (risos). Não consegui controlar meus nervos, todo mundo estava me olhando. Então aqui é uma redenção para mim - disse Matt, que perdeu a disputa do ouro diante do compatriota Andre Shelby, por 144 a 140 pontos.

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