Bicampeão das Paralimpíadas (2008 e 2012). Duas vezes campeão mundial (2010 e 2014). Bicampeão parapan-americano (2007 e 2011). Eleito duas vezes o melhor jogador do mundo (2006 e 2014). Esse é um breve resumo da carreira de Ricardo Steinmetz Alves, de 26 anos. Conhecido no mundo do futebol de 5 (modalidade para atletas com deficiência visual) como Ricardinho, o gaúcho de Osório já se diz realizado na vida. Neste sábado, a seleção brasileira faz a sua estreia nos Jogos Parapan-americanos de Toronto. O adversário é o Chile, às 19h (horário de Brasília). Hegemônico no esporte, o Brasil conquistou todas as competições que disputou desde 2006, quando perdeu a final do Mundial para a Argentina.
- Jogo na seleção há 10 anos. Mesmo só tendo 26 anos, já me sinto realizado com tudo o que Deus me deu. Com certeza, o meu desempenho nessa primeira década de carreira foi bem acima do esperado. O que me deixa mais feliz é ganhar um campeonato e vencê-lo novamente. Porque quando você chega no topo a tendência é se acomodar. É muito difícil se manter vitorioso por tanto tempo. É isso que eu e o restante da seleção viemos fazer aqui em Toronto – afirmou.
Admirador de Falcão (futsal), Messi e Neymar, Ricardinho perdeu a visão aos oito anos de idade após ter uma toxoplasmose congênita. A deficiência física fez o gaúcho pensar que não poderia mais realizar o sonho de ser jogador de futebol. Aos 10 anos, porém, Ricardo se mudou para Porto Alegre onde conheceu o futebol para cegos em uma escola. Habilidoso e com boa percepção dos demais sentidos, o garoto rapidamente começou a se destacar, chegando à seleção brasileira com apenas 16 anos. Os ganhos para a vida de Ricardinho, porém, vão muito além das conquistas nos gramados.
- O futebol de 5 me auxiliou muito fora das quatro linhas. Fiquei mais independente e as pessoas pararam de me olhar como coitadinho. Agora há um respeito. Acho que muito do preconceito com deficientes vem da falta de informação. As pessoas que estão de fora não sabem que podemos levar uma vida normal – desabafou.
Quando Ricardinho chegou à seleção brasileira, em 2005, o país já era bicampeão mundial de fut 5. A primeira Copa do Mundo aconteceu em 1998, a segunda em 2002. Em 2006, o título ficou com a arquirrival Argentina. Brasileiros e argentinos se enfrentam no Parapan de Toronto apenas na quarta rodada, na próxima quarta-feira. Para Ricardinho, os hermanos são a principal ameaça à medalha de ouro do Brasil.
- Pelo histórico que tem no futebol de 5, a Argentina é o nosso maior rival. Eles sempre chegam e no último Mundial (2014) fomos campeões em cima deles apenas com um gol na prorrogação. Sem contar que a Argentina é uma grande escola de futebol e eles têm aquela malandragem típica deles - comentou.
Seis países participam do torneio de fut 5. Na primeira fase, as seleções jogam todas contra todas em turno único. O primeiro e o segundo colocados da fase classificatória disputam a final. O terceiro e o quarto lugares brigam pelo bronze. Os dois jogos que valem medalhas serão na próxima sexta-feira, dia 14. Além de brasileiros e argentinos, participam do evento Uruguai, Chile, Colômbia e México.
- Estamos com uma expectativa muito boa para ganhar esse ouro, mesmo porque estamos fazendo o ótimo trabalho com o nosso treinador Fábio Vasconcelos. Apesar do nosso favoritismo, acredito que teremos dificuldades aqui, pois as seleções são todas fortes – frisou.
Além de Ricardinho, o Brasil tem como destaques os alas Jefinho, eleito o melhor do mundo em 2010, e Marquinhos, jogador mais experiente do grupo. Completam o elenco os jogadores Cássio, Damião, Liwisgton, Nonato, Tiago da Silva, além dos goleiros Luan e Vinícius. O técnico é o ex-goleiro da seleção Fábio Vasconcelos e o guia chamador é Luis Felipe de Campos.